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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Para ler e pensar


                       Naquele tempo, Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: "Quem dizem os homens que eu sou?" Eles responderam: "Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas". Então ele perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro respondeu: "Tu és o Messias". Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a respeito.
Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: "Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens". Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: "Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la". 
Marcos 8,27-35

                       Esta passagem do Evangelho acima foi abordada nas missas do domingo último. Na homilia, o padre explicou que o trecho em negrito no texto, uma reação de Jesus à indignação de Pedro, quando Aquele descreveu o aparente destino malogrado que O esperava, se refere ao costume que temos de pensar com os mais fortes e de querer estar sempre do lado de quem achamos que vai vencer.

                       Dificilmente nos engajamos em favor de causas que damos como perdidas e damos pouco ou nenhum crédito às palavras de pessoas pelas quais "ninguém dá nada". Até aí, tudo bem. Manter essa seletividade, até certo ponto, é sinal de bom senso. Pouca gente está disposta a fazer um investimento, sabendo que vai quebrar a cara. Como diz o adágio popular, "santo de casa não faz milagre". Assim, os mais humildes são desprezados. Quem tem pouco ou nada a oferecer acaba sendo ignorado.

                       Na política, também é assim. Em geral, os eleitores votam como quem aposta em corridas de cavalos, só votam nos candidatos que estão em vantagens nas pesquisas. Os candidatos a quaisquer cargos executivos ou legislativos, por mais que sejam pessoas de palavras e de ações, por mais que saibam apresentar suas propostas, por mais que estejam dispostos à cumpri-las e por mais que estejam próximos do povo, se não fizerem campanhas eleitorais muito caras, muito enfeitadas e distantes da realidade e se não contarem com o apoio de quem estiver governando o município, o Estado ou o país, naquela ocasião, não ganham votos suficientes para chegar a algum lugar.

                       Aliás, estar muito próximo do povo acaba se tornando um defeito, porque os eleitores, em geral, não gostam de candidatos que vivem no meio deles o dia-a-dia deles. Eles acreditam que os candidatos que não fazem parte das elites nada têm a oferecer e que nada podem fazer por eles. Foi desse modo que Jesus Cristo foi desprezado pelos seus conterrâneos de Nazaré, que não O levaram à sério e não acreditaram que, do meio deles, pudesse sair o Messias. A eleição de Lula para presidente foi uma exceção surpreendente à regra. Quando ele assumiu o governo, o povo brasileiro estava cansado do paradigma governamental e excludente, então vigente. Depois precisamos conversar mais a respeito disso.

                       Por enquanto, desejo que você repense seus conceitos, antes de se aproximar da urna eletrônica.



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