A mais recente edição do programa apresentou o trabalho da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, composta por cerca de 60 músicos, sob a regência do consagrado maestro internacional Zubin Mehta.
A orquestra é mantida pelo Instituto Baccarelli, uma entidade sediada na comunidade Heliópolis, que já foi tida como uma das maiores favelas da cidade de São Paulo. O instituto é basicamente uma escola de música, que foi criada há mais de 15 anos, inicialmente com 30 alunos, e que hoje conta com mais de 1300 alunos, todos jovens moradores da comunidade.
Isso mesmo, são 1300 jovens de um bairro que ainda deve carecer de mais cautela do poder público e que optaram pelo caminho da música para se profissionalizarem. São 1300 jovens a menos que o crime organizado, se Deus quiser, não conseguirá corromper, porque, graças às portas abertas por projetos como o desse instituto, elas têm perspectivas de vida e seguirão fazendo o bem.
Não quero que você entenda essa minha colocação acima como preconceituosa. Não quero dizer que todo morador de favela é bandido ou que vai virar bandido, um dia, mas, convenhamos que, geralmente, os prognósticos de crianças e adolescentes que nascem e vivem em áreas pouco assistidas pelos governos e regidas pelo crime são sombrios, principalmente se as oportunidades de educação e de trabalho honestos são escassas, e, se os subsídios para que se formem cidadãos ordeiros de bem são minguados, ao passo que os maus exemplos de conduta são abundantes e tomados como referências.
Não sei bem se o instituto supracitado pode ser considerado oficialmente uma ONG, assim como o movimento Afroreggae, por exemplo. Tomei-o como exemplo para mostrar que os trabalhos de entidades que promovem alguma inclusão social em comunidades periféricas fazem a diferença. Muita gente fala mal das ONGs, dizendo que elas recebem recursos do governo, mas que não prestam contas e que não se vêem os resultados de suas atividades. Será que isso vale para todas as ONGs? Acredito que não. Embora não conheça de perto o trabalho de uma ONG, sei que elas complementam, por vezes suplementam, o trabalho do Estado, levando prestação de serviços aos lugares que ainda são inacessíveis para o Estado, porque este tem-se mostrado um grande ser indolente, incapaz de honrar todos os seus compromissos e de albergar toda a sociedade, mas que nos suga insaciavelmente nossos recursos. Depois quero conversar mais sobre isso.
Sem a coragem e o pioneirismo das ONGs, o mundo seria um lugar cada vez mais insuportável para se viver. Todos já teríamos jogado a toalha, considerando que o Brasil fosse um caso perdido, e nos acomodado. Entidades como a orquestra mencionada e seu instituto mantenedor promovem ações sociais relevantes, gerando oportunidades para os jovens de boa índole, separando o joio do trigo, naquelas comunidades.
Antes de terminar, vale mencionar que não apenas as ONGs promovem ação social. Algumas das grandes empresas, como o banco Santander, por exemplo, dispõem de setores que eles denominam de "responsabilidade social". Esses setores, além de desenvolverem projetos de ação social voltados para indivíduos e coletividades, eles também desenvolvem projetos de preservação do meio ambiente, estimulando a prática de desenvolvimento sustentável. O Greenpeace também é considerado uma ONG e sua atividade é basicamente a luta pela preservação do meio ambiente, ainda que, por vezes, feita de maneira um tanto polêmica e ousada.
Como de praxe, encerramos a postagem com música. Conheça um pouco mais sobre a Orquestra Sinfônica de Heliópolis, por meio de dois vídeos de uma reportagem feita pelo Globo Repórter e de um vídeo da própria instituição, mostrando a primeira visita de Zubin Mehta ao lugar, em 2009.
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