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sábado, 21 de abril de 2012

Pensamentos dadaístas 3


                          Pensamentos são como borboletas. Aparecem voando de repente e desaparecem de repente. Se eu não estiver preparado para apanhá-los, eu os perco e perco também substratos importantes para escrever os textos que posto aqui. Por isso, eu ando sempre com algo a tira colo para fazer anotações.

                          Como você deve saber, a Argentina parece que pirou de vez e resolveu bater de frente com a Europa. Deve ter pensado: "Já que não posso ter as Malvinas com seu pré-sal, os europeus também não terão mais o meu petróleo". O governo argentino, na semana que passou, resolveu reestatizar uma companhia petrolífera, que havia sido vendida a um grupo espanhol, há alguns anos. Obviamente, o grupo prejudicado e o governo espanhol não ficaram nada contentes com a atitude unilateral argentina.

                          Como se não bastasse, o Brasil, mais precisamente a Petrobras, foi convidado a ser cúmplice desse ato de heroísmo, haja vista a Petrobras ter uma presença bastante significativa na exploração e no refino de petróleo, bem como na comercialização de seus derivados, em território argentino. De fato, quando andei por lá, em setembro de 2011, vi alguns postos com a bandeira da Petrobras, em Buenos Aires e adjacências.

                          Como eu já indaguei aqui antes, dá para acreditar que um país como o nosso, que, antes mesmo do Pré-Sal, já era tido como autosuficiente em petróleo, que chega a exportar petróleo e que, como você acabou de ver, faz prospecção de petróleo até no exterior, deixe acontecer situações como faltar combustíveis em grandes centros urbanos e permitir que nos sejam vendidos por preços abusivos, por exemplo???
                          Se o governo argentino agiu certo??? Olha, para falar a verdade, essa empresa jamais deveria ter sido privatizada, para começo de conversa. Desfazer uma grande mancada sempre acaba saindo caro e complicado. Se os compradores pagaram, eles teoricamente têm o direito de receber de volta o que pagaram, pelo menos isso. Senão, seria como se eu comprasse um produto qualquer e o dono da loja viesse à minha casa tomar de volta o produto, dizendo que tem o direito de tomar essa atitude. Aí já é sacanagem.                 
                          Já que eu comecei escrevendo sobre borboletas, encerrarei esta postagem com a transcrição de um texto de Mário Quintana que fala de maneira metafórica sobre as borboletas, querendo, por meio delas, explicar que todos nós temos direito à uma boa companhia, temos direito a dar e a receber amor e carinho, temos direito a casar e constituir famílias, mas temos o dever de respeitar a liberdade e a individualidade de cada semelhante e temos o dever de tomar mais cuidado em escolher quem merece um voto de confiança nosso. Não podemos pegar qualquer pessoa para ser nosso parceiro ou parceira em nossos empreendimentos, principamente alguem que não queira fazer parte de nossos planos ou o deseje por puro oportunismo. Temos o dever de nos esquivar de quem não tem espaço para nós em suas vidas e em seus corações.
                          Abra os olhos, pois aquelas pessoas das quais você quer se aproximar, achando que a companhia delas vai lhe fazer bem, coincidência ou não, cada vez mais afastar-se-ão de você. Por isso, valorize e priorize quem quer estar perto de você, sempre.
                          Seja mais introspectivo. Sonde quem está ao seu redor, em mais profundidade que qualquer submarino nuclear já construído. Seja como uma viatura policial, procure "puxar a ficha num sistema", de quem se aproximar de você.
                          Seja menos extrovertido e mais fleumático. Não demonstre interesse explícito por determinadas coisas ou pessoas, porque você estará se expondo e estará sujeito a ser explorado, a ser esnobado e a se tornar alvo de chacotas. É desta maneira que funciona o mercado imobiliário, por exemplo. Quando o cliente em potencial se mostra bastante empolgado com um imóvel, o corretor geralmente tende a se aproveitar e caprichar no preço, para mais, é claro. E isso acaba afastando cada vez o objeto de desejo. Por isso, quando se interessar por algo ou por alguém, não pergunte a terceiros sobre o objeto em questão. Dificilmente você receberá uma informação e uma opinião imparciais. Tome a atitude de ir você mesmo atrás das informações diretamente em fontes mais fidedignas e menos parciais.


                           Bem, acho que já divaguei demais e que fui dadaísta demais. Vamos ao texto de Quintana, mas, antes, desejo meus parabéns à nossa capital federal, vulgo Belacap ou BSB, que faz primaveras hoje. Brasília, terrinha boa, onde os ventos convergem juntamente com aqueles que querem ter a sensação do poder nas mãos e olhar o país, e talvez o mundo, por cima, lá do topo do Planalto Central. Feliz Aniversário, Brasília Kubscheck de Oliveira, com muita saúde e alegria de se manter de pé. E, finalmente, vamos ao que interessa: a saideira.

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de
se decepcionar é grande.

As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela.

Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.

As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.

Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.

O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar
não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!
Mário Quintana



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