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domingo, 25 de junho de 2017

Carta Branca



          Há algumas semanas, a chapa Dilma-Temer, que saiu vitoriosa das urnas eletrônicas, nas eleições presidenciais de 2014, foi absolvida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da acusação de abusos de poderes político e econômico que a teriam favorecido significativamente. Antes de deliberarem em definitivo pela cassação da chapa Dilma-Temer ou não, os sete ministros debateram exaustivamente se deveriam considerar no julgamento da questão fatos novos como, por exemplo, os depoimentos de presos na operação Lava Jato que, em troca das benesses advindas da delação premiada, declararam que aquela chapa teria recebido propinas e se utilizado de caixa 2. No final da discussão, eles decidiram não considerar fatos novos, que, segundo eles, não estariam inclusos no pedido inicial de quem requereu a revisão daquelas eleições e a consequente cassação da chapa vencedora.


           Em seu voto final pela absolvição da chapa, o ministro do TSE Napoleão Nunes Maia Filho, cearense de Limoeiro do Norte, discursou em princípio destilando alguma ira, por ter sido acusado de recebimento de propina de uma das empresas investigadas na operação Carne Fraca e porque seu filho teria sido impedido de entrar no tribunal, por não estar trajado adequadamente para o ambiente, depois semeando alguma erudição, sabedoria e sensatez no ar. Ele justificou seu voto com, entre outros argumentos, o fato de que abuso de poder político existiria em todas as campanhas eleitorais, até para vereador, em sua cidade natal, por exemplo. Ele chegou a se desculpar em demasia com os demais ministros, ao finalizar seu discurso. Na verdade, ele deve desculpas aos cidadãos brasileiros. Sendo assim, se a informação que ele forneceu sobre a generalização de abuso de poder eleitoral procede, já não estaria passando da hora de começar a se coibir os abusos de poderes em eleições, sob quaisquer aspectos???


           Essa sentença da corte eleitoral abre um precedente perigoso para o futuro da nação. Eles preferiram fazer vista grossa para o fato de que políticos teriam lançado mão de subterfúgios para conseguir seus objetivos e deram cabimento para que atitudes como essa continuem sendo toleradas, como se já fizessem parte de nossa cultura e fossem a coisa mais natural do mundo, numa terra onde cada um só pensa no seu.


           Durma-se e trabalhe-se bem ao longo da semana, com uma dessas.



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