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domingo, 31 de janeiro de 2016

Pátria (Des)educadora



          Há algumas semanas, o SBT, por meio de seu programa de reportagens investigativas Conexão Repórter, apresentado por Roberto Cabrini, exibiu reprise de uma reportagem sobre denúncias de superfaturamento na aquisição de insumos para a merenda escolar, em escolas públicas de Sergipe. Neste fim de janeiro, quando inicia-se o ano letivo, em muitas escolas do Brasil, faz-se oportuna a discussão.




          A reportagem, que foi ao ar pela primeira vez em maio de 2015, mostrou as mediocridades da quantidade e da qualidade da merenda fornecida à crianças que, muitas vezes, acordam muito cedo, saem de casa com barrigas vazias, percorrem extensas distâncias por diversos meios até chegarem às suas escolas, onde tentam assistir às aulas em jejum e desmotivados, fazendo tantos sacrifícios em busca de um futuro melhor. Mediocridades que contrastam com os orçamentos milionários das merendas escolares. Sacrifícios de muitos que contrastam com uma minoria que resolve entregar suas vidas, deixando-as descer ladeira abaixo, ao optarem por viver ao arrepio da lei e às margens da sociedade, vivendo como parasitas desta. Esses problemas certamente também devem ser verificados noutras partes do país.



           De fato, pode-se dizer que houve algum progresso na educação do Brasil, ao longo de algumas décadas. Jovens egressos de escolas públicas estão ampliando e aperfeiçoando suas participações no ENEM e conseguindo mais espaço no Ensino Superior. A escola pública está longe de ser uma BRASTEMP, mas está presente em todos recantos e conta com gente disposta a fazer seu trabalho, por mais aviltantes que sejam os salários e por mais minguados que sejam os recursos e as infraestruturas. Quem precisa contar com os serviços da educação pública já não está mais tão desassistido como está quando depende da saúde e da segurança públicas.


            Entretanto, precisamos avançar mais na educação. Lamentavelmente, você já deve ter observado que, ao longo do primeiro ano da segunda gestão da Presidente da República, nunca mais se falou em coisas como pátria educadora e PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), por exemplo.


            Independentemente de questões políticas e partidárias, o poder público ainda vem-se mostrando bastante falho, ao longo dos últimos treze anos. O grupo político da situação não pode ser de todo culpado pelas mazelas do país, mas poderia ter-se esforçado mais, para tentar mudar, por exemplo, essa realidade corrupta de produtos e serviços públicos encarecidos, frutos de contratos para prestações de serviços obtidos junto ao poder público por vias escusas, além de cargas tributárias exorbitantes, tudo em contraste com baixo padrão de vida da maioria dos brasileiros. Novos governos, velhos vícios.

            Tente ter um bom domingo, depois de um prato indigesto desses.








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