Você soube que, semana passada, foram ratificados pelo Congresso Nacional os vetos no texto do Ato Médico feitos pela Presidência da República. Pois bem, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), em nota de esclarecimento dirigida à população, nada deve mudar, especialmente com relação ao fato de o diagnóstico nosológico e a prescrição terapêutica continuarem sendo atividades exclusivas dos médicos. Confesso que também não entendi como é que nada deve mudar, se um dos artigos vetados diz justamente que o diagnóstico e a prescrição são atividades privativas médicas.
Pessoalmente, nada tenho contra outros profissionais da saúde, embora, às vezes, alguns farmacêuticos ou balconistas de farmácias me façam raiva, ao recusarem minhas receitas. Deixe para lá. Pelo contrário, defendendo também, pelo menos em parte, os interesses deles, em audiências públicas, ao mencioná-los, fazendo-os serem lembrados.
Não entendo porque o Ato Médico é causa de tanta paranoia de outros profissionais da saúde. Analisando o seu texto, em princípio, nada percebi de errado, mas entendo que deveria haver algumas aberturas para as outras profissões da saúde. Dever-lhes-ia ser permitido fazer certos procedimentos, como as suturas na pele, por exemplo, os quais, em geral, eles sabem fazer bem e, assim, poderiam nos ajudar bastante. Por outro lado, se dermos muita abertura, na esperança de que os outros profissionais nos ajudem, os gestores de saúde podem começar a pagar àqueles profissionais bem menos que nos pagariam para executar os mesmos serviços, considerando-nos, então, seres dispensáveis. Como foi dito antes, "se você não procura sua esposa e não comparece, alguém fará o que você não fez", ou seja, teoricamente, a culpa é nossa, por não ocupamos devidamente os espaços de trabalho que nos são reservados, mas temos nossas razões.
Foi-se o tempo em que uma pessoa ficava doente por um motivo qualquer, apresentando um sintoma qualquer, e o primeiro lugar que ela procurava era uma clínica, um posto de saúde ou um hospital. Atualmente, quem tem uma queixa médica, antes de chegar a ver um médico, pode passar por várias instâncias, que podem incluir um assistente social, um psicólogo, um advogado e até um posto do INSS. Nada contra as instâncias e os profissionais citados. Cada um tem sua importância, neste moderno contexto de trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar. O que me intriga é o fato de o médico ser quase sempre o último a ser procurado e o último a saber que o paciente está de tal jeito. Não sei se o paciente ou seus familiares agem assim por medo ou por desconfiança em relação ao médico e aos medicamentos, pela busca de ganhos primários ou secundários ou simplesmente porque não encontram um médico com tanta facilidade. Assim, percebe-se que o médico já não é mais tão imprescindível como outrora, mas continua tendo seu valor.
De qualquer maneira, não vejo motivos para fazermos tempestade em copo de água. Basta que cada um procure fazer seu trabalho, da melhor maneira que souber fazer, em seu campo de atuação, somando as competências e dividindo as responsabilidades. Não devemos temer que outros profissionais da saúde brasileiros e que outros médicos estrangeiros venham invadir nossas searas. Isto não vai acontecer, se fizermos nossos metiês adequadamente.
De qualquer maneira, não vejo motivos para fazermos tempestade em copo de água. Basta que cada um procure fazer seu trabalho, da melhor maneira que souber fazer, em seu campo de atuação, somando as competências e dividindo as responsabilidades. Não devemos temer que outros profissionais da saúde brasileiros e que outros médicos estrangeiros venham invadir nossas searas. Isto não vai acontecer, se fizermos nossos metiês adequadamente.
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