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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Seis por meia dúzia


                 Este domingo, dia 28, que foi Dia do Funcionário Público, assunto sobre o qual pretendo discorrer, mais adiante, deveria ter sido um dia de profundas transformações em nossa sociedade, um marco. Entretanto, em vez de um dia de festa, como dizem alguns, tornou-se um dia de pesar.

                 Do fundo do meu coração, nenhuma das duas opções que nos foram oferecidas, neste segundo turno das eleições municipais, me agradou, nenhuma delas me serviria. Se uma delas me seria diretamente prejudicial à minha pessoa, por outro lado, a outra opção seria danosa para a coletividade. Pondo ambas na balança, não creio que alguma delas teria peso para fazer, de fato, alguma diferença positiva, para esta cidade, fazendo a balança pender para seu lado.                

                 O que deve acontecer agora? Deve acontecer que devem continuar as indicações e nomeações para chefias de órgãos públicos baseadas em afinidades político-partidárias, devem continuar as repressões truculentas aos trabalhadores que deflagrarem greves, devem-se manter abertas as possibilidades de uso da máquina administrativa em favor dos candidatos de partidos da situação, nas próximas eleições, enfim, haja o que houver, devem continuar essas e outras práticas políticas históricas já consagradas, desde tempos imemoráveis, de clientelismo entre os três níveis de poder e de favorecimento à pequenos grupos de pessoas direta ou indiretamente ligadas aos partidos situacionistas, por exemplo.

                  Como já foi dito antes, qualquer grupo político que chegar ao poder, mesmo que seja um grupo de esquerda radical, que teoricamente se proponha a representar os interesses dos cidadãos mais humildes, ou mesmo que seja um grupo ligado à alguma religião, ao se ver seduzido pelo poder, se verá tentado a se valer dos mesmos expedientes escusos para explorar os recursos do poder em seu favor, como fizeram seus antecessores. Se coisas como o nepotismo e o uso indevido da máquina administrativa, por exemplo, continuam acontecendo, a culpa é nossa, porque não pressionamos para que fossem criados mecanismos legais que impedissem essas práticas políticas nefastas. As pessoas assistem a essas coisas acontecendo e acham tudo muito normal, não tendo do que se queixar, principalmente quando algumas delas são beneficiadas diretamente com isso. E, assim, cada uma delas segue, pensando apenas no que é seu.

                 Em suma, o cenário político de nossa região continuará o mesmo. Mudarão apenas os personagens principais. Outra coisa que deve mudar é que poderá haver uma estagnação do mercado imobiliário de Fortaleza, que, apesar de ser uma das sedes da Copa de 2014, pode vir a deixar de ser a capital do Ceará, haja vista que, doravante, passamos a dormir nos quintais de nossas casas, quiçá na casinha do cachorro, não mais em nossos quartos, e não mais viveremos em uma metrópole, que já viveu sua belle epoque e que já foi bela, mas, com o tempo, acertaremos nossos caminhos e aprenderemos que não adianta culpar uma só pessoa pelas mazelas de nossa terra. Aprenderemos também a distinguir quem mais se aproxima da defesa dos interesses da classe trabalhadora e dos cidadãos mais humildes e quem não honra a bandeira que defende, quem não tem lealdade à sua legenda e se filia a ela para não remar contra a maré e para arrancar uma casquinha do poder. Enfim, um dia, amaduresceremos e saberemos distinguir claramente quem é do bem de quem é do mal e quem tem razão de quem não tem.                 
                 


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