No Brasil, o ano começou com tragédias que chamaram a atenção do mundo e que tem mobilizado muita gente. Um novo desastre, em Minas Gerais, resultado da exploração ambiental, irracional e negligente, com a ruptura de uma barragem com rejeitos dos processos de mineração, extravasando conteúdo insalubre por extensa área, causando, dentre diversos danos, a perda de vidas humanas e prejuízos à agricultura. O Brasil não tem usinas nucleares capazes de causar acidentes de magnitude semelhante ao de Chernobyl, por exemplo, mas tem outras fontes potenciais de (sub)produtos das atividades econômicas humanas que podem contaminar o meio ambiente, devastar vastos territórios e inviabilizar a existência de qualquer forma de vida no lugar, por muito tempo.
Ainda é costume utilizar muita água misturada com produtos químicos para extrair das rochas os minerais de valor comercial. O material resultante desse processo, o rejeito de mineração, é armazenado em barragens construídas especialmente com esse fim, cujas paredes se elevam, à medida que os volumes desses reservatórios aumentam. Como boa parte do Estado de Minas Gerais está assentada em terreno montanhoso, centenas de metros acima do nível do mar, essas barragens acabam se formando em áreas elevadas, acima das cabeças da maioria dos moradores da região, como poças de água nas lajes dos prédios. De tanto acumular água, uma hora essas poças transbordam, as águas se infiltram nas paredes e nos tetos ou mesmo escorrem diretamente para os andares inferiores. Aí não dá outra. Água morro abaixo, ou pior, lama morro abaixo, devastando tudo.
O poder público e as empresas de exploração mineral, cujo ofício não deixa de ser essencial para a geração de riquezas, devem encontrar um jeito mais racional e inteligente de aproveitar esse material aparentemente inaproveitável. Juntar à céu aberto material potencialmente nocivo para quem tiver contato com ele é como juntar água de esgoto, praticamente. Essa é uma das justificativas da importância de um médico do trabalho, por exemplo, em certos postos de trabalho, como uma estação de mineração, por exemplo. Por sinal, uma das primeiras vítimas fatais identificadas na tragédia de Brumadinho foi justamente uma jovem médica do trabalho, que acabara de comemorar seu aniversário, mas que estava de plantão numa mina próxima à barragem que se rompeu.
Se a produção mineral continuar no mesmo ritmo, produzindo cada vez mais lixo tóxico, daqui a pouco, vai faltar espaço para tanta barragem. Espera-se que tenha pelo menos ficado a lição de que guardar muita coisa inútil na vida uma hora nos trará consequências nefastas, pois podemos morrer intoxicados por nosso próprio lixo, que precisa ser reciclado, quando possível, descartado ou destruído com segurança, antes tarde do que nunca.
Se a produção mineral continuar no mesmo ritmo, produzindo cada vez mais lixo tóxico, daqui a pouco, vai faltar espaço para tanta barragem. Espera-se que tenha pelo menos ficado a lição de que guardar muita coisa inútil na vida uma hora nos trará consequências nefastas, pois podemos morrer intoxicados por nosso próprio lixo, que precisa ser reciclado, quando possível, descartado ou destruído com segurança, antes tarde do que nunca.
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